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VASP, last days | Artigo de Alexandre Alves / 04.11.23 |
A VASP foi uma empresa de inúmeros pioneirismos ao longo da sua longeva história. Nascida em 04 de Novembro de 1933 pela iniciativa de 72 empresários paulistas, inclusive um sobrinho de Alberto Santos=Dumont, a Viação Aérea São Paulo S/A marcou história. Primeira empresa a nascer com foco em campos terrestres (afinal era comum naqueles heroícos tempos era bem comum o uso de hidroaviões), a VASP em seus primeiros anos enfrentou dificuldades extensas em sua operação pelo simples fato do Campo de Marte, alagar constantemente, este fato levou a empresa a construir o "Campo da VASP", hoje Aeroporto de Congonhas! Coube a empresa paulista a primeira a fazer de maneira frequente a rota Rio - São Paulo com os lendários trimotores JU52/3m, assim como foi a maior (e praticamente única) operadora do Saab Scandia e a pioneira no Brasil de motores turbohélices com os seus Vickers Viscounts. É salutar recordar que os esforços financeiros para aquisição dos Junkers JU52/3m e da construção de Congonhas levaram a empresa a condição de estatal, bancada pelo contribuinte do estado de São Paulo entre 1936 e 1990. Em 1969 a VASP recebeu 4 Boeing 737-200, matriculados PP-SMA, PP-SMB, PP-SMC e PP-SMD, este fato é um divisor de águas na empresa, afinal o Boeing 737-200 tornaria-se a espinha dorsal da empresa até o seu último dia, literalmente. Em 1977 chegaram os Boeings 727-200, igualmente pioneirismo da empresa paulista, em 1982 os Airbus A300B2K-203, em 1986 os Boeing 737-300, mais um pioneirismo da VASP e finalmente em Setembro de 1990 a companhia foi privatizada, sendo adquirida por Wagner Canhedo, que imprimiu uma expansão jamais vista em uma cia aérea brasileira, dobrando a frota em 12 meses e provocando uma redução verticalizada ao final de 1992, este fato colocaria a empresa em uma rota de turbulência que permaneceria até o final dos anos 90, com a devolução dos vistosos MD11 que efetuam voos internacionais, a partir de 2001 a VASP adotou o verde-amarelo na cauda para mostrar seu foco em rotas domésticas, o que, na verdade era a falta de capacidade de renovar sua frota concentrada em 3 Airbus A300, 4 Boeing 737-300, 20 Boeing 737-200, 2 Boeing 727-200F e 2 Boeing 737-200F, a qual apenas diminuiria até o colapso de 26 de Janeiro de 2005. |
PP-SMP em Salvador 10/06/2005. |
O APAGAR DAS LUZES Em Julho de 2004, a VASP retirou o Airbus A300 de operação, o PP-SNM tinha problemas de motor e a companhia já sofria com fluxo de caixa e falta de reposição (ainda que outros 2 A300 estivessem a "disposição" para fornecer peças), a malha foi reformulada e o Boeing 737-300 ocupou o lugar do widebody europeu, porém panes e mais panes levaram o então DAC a paralisar a operação de 6 Boeing 737-200 (PP-SMA, PP-SMC, PP-SMQ, PP-SMR, PP-SMS, PP-SMT), parecia que a empresa perdia a sua alma com o PP-SMA abandonado em Confins - MG, o corte imediato de cidades envolveu 7 cidades: Ilhéus, Londrina, Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto, Florianópolis, Corumbá e a demissão de 380 funcionários, a frota estava bem reduzida e na ocasião algumas aeronaves já não estavam disponiveis, caso do PP-SMF e do trio de A300, além do intenso trabalho de sua manutenção para evitar a indisponibilidade de aeronaves. Porém, mês a mês a malha da empresa era reduzida, direcionada ao seu foco em rotas para o Nordeste e por fim a empresa adotou em seus 71 anos a seguinte malha (Novembro de 2004 com reflexos do horário de verão): VP4045 23456--
733 CGB 03:00 03:55 CGR 04:15 06:42 CGH 07:21 08:15 SDU |
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Entretanto, em Dezembro de 2004 a malha foi reduzida mais uma vez, com a ação mais visível a retirada de Belo Horizonte, Porto Seguro, Curitiba e Goiânia da rede de rotas, cada vez menor! Se em Novembro 13 aviões davam conta do serviço, agora para Dezembro apenas 6 aviões resolviam toda malha de rotas daquela que chegou a ser a segunda maior empresa aérea doméstica do país. Disposta a tentar sobreviver, a empresa passou a contar apenas com os Boeing 737-300 PP-SFJ, PP-SFN e PP-SOU, um deles ficaria disponível para a ponte aérea e outro no VSP4264, outrora operado pelos Airbus A300. Já os Boeings 737-200 PP-SMG, PP-SMH, PP-SMP, PP-SMU, PP-SMZ, PP-SNA, PP-SNB, PP-SPF, PP-SPG, PP-SPH e PP-SPI tomariam conta de 10 trilhos, em clara reserva técnica da frota. Então a partir de 16 de Dezembro de 2004, a malha oficial da outrora gigante paulista seria:
VP4003 23456-- 733 SDU
07:15 08:05 CGH
Porém, em Janeiro de 2005 a situação ia se
deteriorando, com cancelamentos, se não houvesse pelo menos 50% de
lotação, a empresa simplesmente cancelava os voos, começando a acumular
aeronaves em Manaus, Recife, Brasília e Salvador. O DAC acabou com a
situação em 27 de Janeiro de 2005, proibindo a empresa de vender voos
regulares, apenas voar charter, o que não aconteceu! Assim quando o VASP
4265 operado pelo Boeing 737-300 PP-SFJ cortou motores naquela noite de
verão em Guarulhos, estava decretado o último voo de passageiros da
VASP. Os últimos dias da empresa foram melancólicos, levantamos a última semana de fato e direito de operação da VASP, entre quarta-feira 19 de Janeiro de 2005 e quarta-feira 26 de Janeiro de 2005 a VASP era um arremedo do que fora um dia!
19/01/2005 - quarta-feira
20/01/2005 - quinta-feira
21/01/2005 - sexta-feira
22/01/2005 - sábado
23/01/2005 - domingo
24/01/2005 - segunda-feira
25/01/2005 - terça-feira
26/01/2005 - quarta-feira A empresa ainda se arrastaria alguns dias a mais com operações cargueiras sob a bandeira VASPEX, sendo que em 4 de Fevereiro, o PP-SMW, um Boeing 737-200QC que nunca voou pax na empresa e fora envolvido num negócio com o PP-SMD um dos quatro pioneiros, teve a distinta e triste missão de voar o VSP9677 GRU/POA assumindo na capital gaúcha O VSP9678 POA/GRU/SSA/REC e a partir da capital pernambucana o VSP9681 decolou para Guarulhos, encerrando a história da empresa para sempre. Posteriormente, PP-SOU, o Boeing 737-300 foi levado para os Estados Unidos, sendo então a última decolagem de uma aeronave da VASP em Guarulhos (havia sido trasladada GIG-GRU), o PP-SFJ chegou a ser trasladado para Porto Alegre com a premissa de virar aeronave da BRA ou WEBJET o que jamais aconteceu e virou peça de museu no interior do Rio Grande do Sul. Iremos escrever um artigo sobre aonde ficou cada aeronave da empresa após o sombrio 26 de Janeiro. |
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